sexta-feira, 8 de abril de 2011

O país do Futebol

Brasil! Um país que cultiva uma valorização exacerbada da cultura futebolística. A todo o momento o futebol é o assunto discutido nas tvs, nas rádios, nos jornais e em inúmeras rodas de conversa. Uma paixão nacional que a cada dia agrega mais adeptos tanto como espectadores quanto como praticantes. Jovens que sonham em adentrar o mundo desse esporte em busca de fama e, principalmente, de altas cifras em euros ou dólares. Pois bem, e qual seria a relação dessa cultura construída em torno do futebol com as aulas de Educação Física na escola? Para a grande maioria dos alunos as aulas de Educação Física resumem-se apenas em jogar bola. E nada mais que isso. Um imaginário que ignora um vasto repertório de conhecimentos sobre a cultura corporal que podem ser construídos dentro do contexto escolar. Infelizmente, a relevância atribuída pelos alunos a tais conhecimentos é de um valor ínfimo. O que realmente lhes importa é a “pelota”. E se não há uma bola, qualquer objeto que possa rolar é utilizado em sua substituição, enquanto que um mero par de chinelos torna-se a trave de um gol. E assim, no meu dia a dia não há uma turma sequer que não me pergunte se haverá na aula uma partida de futebol. Essa é a realidade. O professor que se dispõe em apresentar a imensidão do mundo da Educação Física que não gira em torno do futebol, e os alunos imersos apenas no mundo da bola.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O primeiro dia letivo

As aulas nas escolas públicas do Estado de São Paulo começam às 7 horas da manhã. Logo, como ainda prevalecia o horário de verão, a lua ainda brilhava no céu no momento do meu despertar para o meu primeiro dia de aula, agora como professora e não mais como aluna. Estava ansiosa para saber o que estava por vir a partir daquele dia. O fato é que quando o início do ano letivo ocorre em uma quinta-feira, poucas pessoas aparecem e, consequentemente, não pude conhecer a totalidade dos alunos.
Ao soar do sinal, coloquei os pés nos corredores que dão acesso às salas de aula e logo se acumularam vários alunos ao meu redor com o intuito de conhecer a nova professora de Educação Física. E em instantes surgira a pergunta que ouviria todos os dias em que entro nas salas de aula: “Professora, a aula hoje vai ser na quadra?”, E posso afirmar com veemência que não houve um dia sequer em que pelo menos um aluno não tenha realizado tal pergunta.

Enfim, posso dizer que naquele dia os alunos saíram decepcionados. A ânsia em ir para a quadra já no primeiro dia de aula foi suprimida no momento em que os comuniquei sobre a reforma inacabada do local. E, conformados, aguardaram a minha próxima aula com a esperança e na torcida para que a reforma fosse concluída o mais rápido possível.

Nas primeiras semanas de aula tudo ocorreu na perfeita paz. Tudo acima das minhas expectativas. Contudo, com o passar de mais algumas semanas os problemas começaram a aparecer e a verdadeira realidade escolar começou a ser desvelada. 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Primeiras impressões

Passada a euforia da aprovação em um concurso público, tratei de cuidar da parte burocrática para o ato da posse. Encaminhei-me até à escola para a entrega dos documentos necessários e aproveitei para conhecê-la. O ano letivo ainda não havia começado. Todos ainda deleitavam o recesso escolar. Não havia, naquele dia, professores nem alunos, apenas os secretários e os membros da direção. Pairava um silêncio incomum ao cotidiano de uma escola. A primeira impressão sobre o novo local de trabalho foi das melhores. Em um país em que muito se ouve falar no sucateamento das escolas públicas, ao menos aquela não se encaixava nessa lamentável situação. Aliás, estava recém-reformada, com pintura nova e até mesmo possuindo uma quadra coberta (o que, sinceramente, eu não esperava encontrar). Estava até preparando-me para enfrentar as intempéries climáticas a que os professores de Educação Física estão sujeitos quando não desfrutam de uma quadra com sua devida cobertura.
Enfim, tive um conhecimento superficial do local, visto que a escola em seu cerne, eu conheceria somente após o ecoar do sinal do primeiro dia de aula. Afinal, qual a essência de uma escola que não tem professores e nem alunos frequentando e percorrendo os corredores e salas de aula do prédio escolar? Então, apenas aguardei a chegada do dia 10 de fevereiro, a data do verdadeiro início do dia a dia de uma professora de Educação Física. 

domingo, 3 de abril de 2011

Apresentação

Realizo neste primeiro post uma breve apresentação sobre mim. Sou professora de Educação Física da rede pública do Estado de São Paulo e leciono em duas escolas da cidade de Bauru. Sou formada pela Universidade Estadual de Londrina há dois anos e até dois meses atrás nunca havia adentrado os muros escolares para exercer a profissão. Até então trabalhava em outras áreas, aguardando uma oportunidade de colocar em prática o que havia aprendido durante quatro anos de faculdade. Todos os recém-formados sabem da dificuldade de conseguir o primeiro emprego, principalmente para os professores que tem como locais de trabalho apenas a escola pública e privada. O exercício dessa profissão na escola pública ocorre via concurso público e, normalmente, na escola privada via "Q.I" (ter Quem Indique). Em vista disso, empenhei-me em prestar inúmeros concursos.
Enfim, no ano passado fui aprovada e nomeada no concurso para professor de PEB II do Estado de São Paulo. Por fim, havia alcançado o objetivo almejado para aquele momento. A minha vida dali em diante resumir-se-ia em uma série de mudanças, aliás, diga-se de passagem, de grandes mudanças. Uma profissão, uma cidade, um estado, uma casa nova. Mergulhei de cabeça em um mundo desconhecido que até o presente momento não desvendei totalmente. Entretanto, o meu maior receio era o que a realidade escolar me destinava. Como seriam os alunos, os outros professores, os membros da direção e a infraestrutura escolar. Mas enfim, deixarei para relatar as minhas primeiras impressões sobre a escola, sobre a realidade do ensino público, bem como do dia a dia nas aulas de Educação Física nos próximos posts.